segunda-feira, 23 de março de 2009

Continuando

Caro leitor, leitora, maluco ou desocupado. Ou tudo isso junto.

Explico: meu computador teve uma bela duma pane umas 2 semanas atrás e algumas coisas que eu havia preparado para colocar aqui foram perdidas. Um HD inteiro foi ao lixo. Os back-ups com fotos estão a salvo, mas preciso de um computer em definitivo pra subir elas num flickr. Não consegui nem ter coragem ainda para avaliar as perdas.
Por enquanto esse blog vai dar um break, tirar umas belas férias.

As atividades se normalizaram no blog antigo, o Saudade de Amanhã, que está sempre atualizado com aspectos do HOJE, que vivo em São Paulo.

Para você que acompanhou toda ou em partes a minha viagem, queria desejar um obrigado enorme. Se, de alguma forma, o que eu fiz no ano de 2008 te motivou, inspirou ou deu vontade de fazer igual, então meu objetivo foi cumprido. Contar histórias, causos e mostrar o que aconteceu comigo nesses tempos foi uma das melhores partes da minha viagem. Esse canal de relato/desabafo foi responsável por muitas alegrias e motivos que me inspiraram a tocar o barco e mandar bala até que o dinheiro se acabasse, como de fato ocorreu.

Continue entrando aqui de quando em vez porque vai que dá de cara com um link para uma nova galeria no flickr ou até mesmo uns textos, vai saber...

O que é certo é que ainda tenho muita coisa por contar, mas a vida real dá voadoras na minha porta diariamente e não dá pra ficar vivendo de passado, dessa viagem inesquecível. Penso muito na viagem, nas histórias, nas pessoas. Penso inclusive num livro e já separo alguns causos e episódios para ali serem contados. É o final de um ciclo, inesquecível, que fez desse ano de 2008 (ano do Rato, meu signo chinês) um ponto crucial na minha vida, nas minhas escolhas e nos meus ideais.

Pela chance de fazer essa viagem, pela oportunidade de respirar ares que não existiam nem na imaginação, pelos olhares que cruzaram meu caminho, pelas pessoas que dedicaram seu tempo para me ajudar sem sequer sonhar em obter algo em troca, pelos incontáveis pôres-do-sol, pelas risadas em diversos idiomas, pelos aprendizados incessantes, pelas amizades que duraram algumas horas apenas e por aqueles amigos que desejo saber por andam até o fim dos meus dias, pelos meus primeiros alunos, por ter aprendido a tirar um chopp e a fazer um dry martini ou um cosmopolitan, pelas tardes em igrejas, museus e parques, pelos piqueniques e pelos banquetes, pela carne de antílope e a de camelo também, pelas descidas de bike em Taormina vendo o sol nascer de um lado e o Etna escorrer lava de outro, pelas dicas sinceras, pelos favores impagáveis, pelos sorvetes de limoncelo, pelas folhas vermelhas do outono em Berlim, pelas zebras, girafas, búfalos e javalis que atravessaram diante da minha bicicleta, pela minha vontade de voltar ao Quênia e cumprir a promessa que fiz ao Serret de atravessar com ele a pé o parque Massai Mara até o Serengueti, na Tanzânia, em sua companhia e dormindo no chão com leões, pelos fiscais de imigração, pelas barganhas arábicas e irritantes, pelos rinocerontes e flamingos do lago Nakuru, pela Capadócia inesquecível, pelos amigos kosovares, pelo ramadã, por ter aprendido uma das línguas dos meus ancestrais, pelos anjos que me trouxeram de volta. Por essa transformação sem preço e da qual ainda desconheço a amplitude,

Infinitamente, obrigado.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nunca antes na história desse país

Sempre quis escrever alguma coisa com o título acima. Sempre achei legal tentar imitar o grande molusco e nunca entendi quem achava legal usar uma estrelinha do PT, especialmente depois de 'tudo aquilo'. Mas por falar em estrelinhas e história, eu queria deixar registrado que na sexta-feira 27 de fevereiro de 2009 eu vi o céu de São Paulo mais bonito da minha vida. Nunca antes na minha história desse país olhei pra fora da minha janela e avistei tamanha enxurrada de estrelas (do tipo que importa). A chuva que alaga a casa de um também clareia o céu de outro.

PS: O céu ilude, inspira, mas aqui em casa não estamos imunes, há infiltrações em várias paredes...

Quando o nome já é a piada

Aproveitando que o carnaval não acabou 100%, já que ainda vai ter Monobloco pelas ruas do centro do Rio no domingo, eu achei que valia a pena dar uma buscada em bons nomes de bloco Brasil a fora. Sim, Zé Simão já fez isso demais, mas eu ainda não. Abaixo, a minha seleção.

Rio de Janeiro
Se não quer me dar... me empresta
Concentra mas não sai
Suvaco de Cristo
Me Beija Que Sou Cineasta
Bagunça Meu Coreto
Mulheres de Chico (Buarque)
Imprensa que eu gamo
Bloco de Segunda
Largo do Machado, mas não Largo do Copo
Simpatia é quase amor
Que merda é essa?

Recife-Olinda
Filhos de Glande
Vai morrer pra lá
Vai dar na praia
Que sunga horrível

São Paulo
Não trema na linguiça

PS: Percebeu que ninguém supera os cariocas no quesito 'nomes escrachados'?
É, não tem jeito, ano que vem vai ter que ser na Maravilhosa de novo, depois de 5 anos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ordem + desordem = ?

Tinha confete no chão do quarto. Às vezes um BNI sobre a cama. Sempre um PCNI pelo chão e um OSNI pairando pelo ar desde sábado. Cerveja mofando no tanque e uma mesa cheia de apetrechos muito, mas muito úteis em todas as épocas do ano: óculos sem lente, pistolas sem água e colares havaianos enroscados. Uma garrafa de água mineral com vodka disfarçada foi a pegadinha da geladeira, especialmente nas manhãs de ressaca. Rá! Só bobo não cheira antes de beber. Quanto desconhecido na primeira noite. Quanta gente legal da segunda madrugada em diante. Quase dei um mata leão pra acalmar uma embriagada querida, que deixou um presentinho com os dentes no meu braço direito. Mamãe viu o hematoma e jura que eu estava no coreto. E quem tava no coreto... Ah, o líder do bafuá tomou até benzetacil, além de borrachada na batata e spray de pimenta. Junto com tantos outros. Vingamos na terça-feira, quebra de recorde, 67 no coreto (vem-vem-vem!). Sem carinho dos coxinhas, sem pimenta também. Barbosa incendiou a coisa toda. Nos olhos de todos que resistiram até tango rolando pelo chão limpinho. Teve pazes com quem importa fazer as pazes. Abraços e preocupações que me surpreenderam e fizeram ver que nada é pra sempre, principalmente raiva e desdém. Para ser bom, o carnaval tem que respeitar uma espécie de equação não lógica de ordem e desordem, para que a primeira não tire a diversão da outra e que a outra não crie danos irreparáveis à primeira. Tenho motivos para achar que a quarta-feira foi mesmo cinzenta, mas muitos mais para não esquecer que a soma de muitas cores bonitas acaba dando cinza, mesmo.

SAP
*BNI = bêbado não-identificado
** PCNI = pacote de camisinha não-identificado
*** OSONI = odor sexual de origem não-identificada

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Alô meu povo, agora é séééério

Se tinha uma coisa que eu ficava morrendo de vontade enquanto estava nas esquinas por aí era esse clima de quase folia que fica antes dos 5 dias sagrados. As 110 horas que nos fazem definitivamente diferentes dos outros povos. Que imprimem um outro gene em nosso DNA. Que, querendo ou não, gostando de ziriguidum ou não, representam demais o que somos como povo, como identidade coletiva. Não sei por quê, mas me sinto muito mais da minha terra quando chega essa sexta-feira, ano após ano. E se tristeza não tem fim, vamos aproveitar os 5 dias de felicidade e usar até gastar as fantasias de rei, de pirata ou jardineira para que a quarta-feira, mesmo triste, tenha valido a pena.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

As vidas que a volta dá

Caminhava num trote lento pela Rua Augusta, com as havaianas roçando no peito do pé, quando avistei a sutil mudança. O extinto prédio do Promocenter (renomado shopping de produtos não declaradamente trazidos ao País) virou um grandissíssimo posto avançado da... Receita Federal!
Pois é, quem disse que burrocrata não tem senso de humor?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mais cliques quenianos


Aproveitando a onda de inspiração e pró-atividade desse sabadão tremelicante e que inspira comilanças desenfreadas, deixo mais algumas fotos quenianas no flickr.
Enjoy!
PS: tem umas que já saíram aqui, mas ficarão imortalizadas lá também.

Inspirar é bom


Eu fui inspirado por algumas pessoas a viajar. Na lata lembro do Amyr Klink e do Paulinho Vita, lá da minha antiga firma. Ouvir as histórias do Amyr numa palestra há muitos anos atrás começaram a abrir minha cabeça e ver que eu podia inventar um caminho para mim mesmo. Ainda teve um doido que conheci numa dessas N Adventure Sports Fair que viajou o Brasil inteiro de carona por um ano. Em 2007 apareceu o Paulinho, que acabara de voltar das Europa depois de uma season na Austrália e Indonésia. Ele me fez perceber que era possível ir, viver, aprender, crescer e voltar.

Nessa mesma época, 2007, qualquer coisa assim, a Michelle também começou a trabalhar comigo. Uma menina muito massa, que tinha começado na recepção e foi crescendo sempre visando o que inspirava ela, que era planejamento. Ficamos bem amigos, aliás, impossível não ficar.

Certa vez contei a ela de um encontro que ocorria anualmente há alguns anos entre membros da família de minha avó paterna, os Arruda de Albuquerque. Uma verdadeira loucura que reune cerca de 100 pessoas num final de semana de julho em algum ponto entre Rio e Sampa. A Arrudagem, como foi batizada, é um meeting divertidíssimo, que coloca juntos para papear, beber, comer e trocar histórias, membros de 4 gerações de uma família gigante. Minha avó tinha 14 irmãos (senão me engano) e para mim isso significa uma safra de primos de quarto e quinto grau que vou descobrindo e me encantando a cada ano. Sim, a maioria mora no Rio, mas isso não impede o contato, já que há um ativíssimo grupo de email que não para de colocar novos assuntos na roda.

Enfim, descobri que ter uma família em grande escala é algo mega benéfico. Contei isso pra a Michelle, que se inspirou, correu atrás com outros membros ativos da família dela e fez acontecer o encontro dos Pirola/Rossetto, em novembro do ano passado. Sim, eu consegui inspirar alguém em alguma coisa (que acredito ser super bacana) e isso deixa essa manhã fria, triste e cinzenta de pré-carnaval com alguns motivos para quem sabe sermos otimistas.

PS: E tiveram essa ótima idéia do mural de fotos e recados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Gosto da chuva

Quando você viaja e larga a vida "real" por um tempo, acha que saudades se manifestam somente com a falta de pessoas, lugares e comidas. Com a chuva rápida, tropical, de cheiro adocicado e gosto de verão brasileiro que caiu agora aqui em casa eu descobri que não era só pela família, os amigos, a minha rua e o tutu de feijão que minha nostalgia fervilhava.
Tudo é sabor e memória.

(Acho legal o verbo gostar porque na 1a pessoa do singular ele dá margens a dúvidas sobre seu sentido quando escrito. Pode ser "gósto" ou "gôsto". Eu sei que só humorista ruim explica a piada, mas eu sempre pirei nisso, valia comentar)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Safari para todos

Sim, lá na África rolou safári e tudo mais. Consegui subir algumas boas fotos num flickr, que deve ficar cada dia mais incrementado. Não prometo nada, só que vou me esforçar pra dividir o máximo de imagens com vocês. Enjoy!

Monotemático

Quando fiz meu TCC sobre vestibulandos de medicina uma das coisas que mais me intrigava era aquela opção por anos de estudo (e tortura de cursinho) com um objetivo fixo e imutável. A pessoa optava por ser uma pessoa monotemática. Para aqueles que buscam uma vaga num curso público de medicina a vida ganha uma dimensão só, um assunto só e aos olhos dos outros parece boba.

Desde que voltei e re-entrei no ambiente São Paulo-rotina de novo, depois que baixou o calor da poeira da viagem, depois que contei dezenas de vezes as mesmas histórias sem mudar o ânimo, senti que o vírus do assunto único me tomou. E não, não é de contar a viagem, pois essa vem sempre misturada com muita curiosidade minha de saber como está tudo por aqui. Às vezes acabo uma longa conversa com alguém e ouço “nossa, mas você nem contou nada da viagem”.

Mas agora que passou a folia da chegada, que já vi quase todo mundo mais de uma vez, começam a vir as perguntas “e aí, já arrumou algum trabalho?” ou "alguma coisa em vista?"
Poxa, é claro que eu quero arrumar um trabalho. Não só porque eu preciso de grana pra me reerguer e pagar o que estou devendo, mas porque eu adoro trabalhar.
Por mais currículos que eu esteja mandando, livros que esteja lendo, fotos que esteja editando, amigos que esteja colocando o papo em dia e gerúndios no vocabulário, enche o saco estar em casa sem hora pra acordar. Eu tô na disposição.

Quando optei por pedir demissão do trabalho em abril do ano passado, eu sabia que eu estaria possivelmente abraçando essa condição de desempregado por algum tempo na volta. É diferente de ser mandado embora, não há frustração ou rejeição, só de falta de realização, o que é bem diferente. É a fase, é a fase.

E mentalizando o bem sempre, para evitar que “emprego” seja meu tema único por muito tempo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Amburu, o medrosinho


Ele me via e saía correndo. Durante todo o tempo em que dividíamos o mesmo território, Amburu, o netinho caçula do Michael e da Jane, se cagava de medo de mim. Da minha cor. Quando eu tava sem camisa entao, era berreiro e fuga, na certa. Mas e nãe é que no ultimo dia, sim, só na jornada final, ele resolveu gostar de mim, ficar no meu colo e até chorar quando subi na moto para ir embora?

Vídeos do arquivo

Nesse tempo todo pra cima e pra baixo nem sempre havia conexão boa o suficiente para subir vídeos no YouTube. Agora deixo vocês com alguns.
Esse é grego. Ah, substitua o "azedo" por "amargo", porque eu me cafundi com as palavras.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Verdades

Você vai viajar e vai dar over-booking, vai ter excesso de bagagem, o vôo vai atrasar, vai ter turbulência, vai ter alguém chato sentado ao seu lado, vai perder bagagem, vai encalacrar na imigração, vão encrencar na receita federal, vai tomar facada do taxista, vai ter pulga no seu lençol, vai ter diarréia registrada no seu diário...
E saudades também.

E vai viajar de novo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Falar e mostrar o Kenya

Michael, ou Akech, paizão keniano, sábio, viajado, comilão, reclamão, inteligente demais


Com os pais, Michael e Jane

Amigo do Michael, cujo nome esqueci, sob a sua neem tree. Tanto as folhas como o caule dessa árvore são usados pelos nativos para curar tudo, de malária a dor de cabeça, de dor de corno a pedra no rim.


A saga do painel solar, contada alguns posts abaixo. Prova do crime. Ou da benção. Ainda (até agora, acredite) não sei.


Bateria e tomadas, com as luzinhas em baixo...

A primeira impressão de Jane ao ver luz an sua sala.
Vamo abrir um business?

Igreja, família. Sunday's best.

Fred e eu. Esse menino é muito especial. Acho que contei a historia dele aqui. A mãe foi assassinada em condições estranhas no vilarejo longíquo onde moravam. Ele e as três irmãs se dispersaram. Por alguma razão que eu não entendi, Michael conhecia a mãe dele, e o adotou. Fred é quem cuida da casa dos Odula em Homa Bay, como uma verdadeira dona de casa. Tem dotes aguçados para temperar e faz uma carne de panela excelente! Tudo isso num fogareirozinho a carvão, super pequenino. Antes de chegar em H-Bay, aos 16 anos, nunca havia visto um mzungo. Se recorda de perguntar a amigos se turcos e indianos eram mzungos, a resposta: "Não, quando você vir um, você vai saber"

RG do Fred. Repare na data de nascimento. E aí, o que é mais complicado, nascer dia 29 de fevereiro ou não saber quando é seu aniversário?

Minhas salas de aula... não curto essas grades.

Isso é coisa do Michael, quando foi diretor por lá durante 20 anos.

My job.

Se tem que ir pra algum lugar, tem que sair antes da chuva. 67km da Linha do Equador, amigo, chove legal aqui.


Esse é o Evance, meu irmão do meio com o filhinho dele. Tava uma escuridão na casa, mas tentei não usar flash, sob risco da foto ficar assim... tampis

Uma vaquinha no shopping center de Kaswanga, caminho pra escola.

Os caras mataram a menina, mas tavam borrados de medo. Depois de morta é só piada pra foto.

Do lado de casa. Mas confesso que não noiei. Tem tanto bode, rato, galinha mais interessante do que eu...

Tipo pardal de lá. Tá bom ou quer mais?

A cabra dalmata.

Creche ao lado de casa. Repara no garotão aí da frente como ele tá afim de aprender o alfabeto. A maior parte dessas crianças é orfã de pai e mãe, uma realidade comum demais por lá.

Lembra da galinha que chocava na melhor poltrona da sala?

Isso é mandassi, uma friturinha com consistência de bolinho de chuva, mas sem canela.

Esse é Amburu, o medrosinho fofo. Mais histórias dele mais pra frente.

Esse é o pequeno vizinho Brian, no meu primeiro dia. Mal sabia eu que ele seria meu unico motivo de estresse por lá. Ele e um amigo mais velho tinham por diversão maior a brincadeir de capturar passarinhos, quebrar-lhes as asas e ficar jogando-os para cima e velos cair. Riam de se mijar. Quando eu vi isso comecei uma campanha que deveria ter sido mais Capitão Nascimento style, porque um pouco antes de eu vir ele fez questão de quebrar uma asa bem na minha frente, foi instintivo, não deu... dei-lhe uma bicuda na bunda, pois não aguentava mais explicar que aquilo não se faz. Se fosse o Nascimento já tinha é quebrado um braço logo.

É assim que se viaja de Homa Bay até Rusinga Island. Éramos 14 nesse Corolla Wagon. 4 no banco da frente. Aqui o motorista senta no colo de um dos passageiros. E depois eu ainda tenho que ouvir nego reclamando de andar com 3 ou 4 no banco de trás.

Volta da escola.

A Skol do Kenya. Uma só durante toda a viagem. Ué, sem luz, eu prefiro abstinência do que cerveja quente, você não?

...

domingo, 21 de dezembro de 2008

É mole ou quer mais

Para quem acha que minha trip foi roots, copio abaixo email que recebi da minha amiga Andrea Nemoto, vulgo Deca, direto do Nepal.

PS A: Turquia, India e Nepal sozinha.
PS B: As singelas fotos do Kenya estão sendo selecionadas.
____

From: Andrea Nemoto
Date: 2008/12/20
Subject: Completei!


Oi a todos!
Mta saudade e mta historia pra contar apos caminhar por 18 dias, 211km, comecando de 800m chegando a 5416m, voltando a 1190m, subindo de novo a 3200 e descendo no mesmo dia a 1000m, acabando finalmente em 884.
Ufa!
Foi com certeza uma das experiencias mais incirveis da minha vida e desafiadoras tb. Mtas vezes pensei q nao ia aguentar, mas segui em frente e completei!

Confesso q nao foi facil, com noites mal dormidas por causa da altitude ou do frio (sim, uma noite a agua chegou a congelar no meu quarto e mtas vezes a agua estava congelada para escovar os dentes), respirando feito uma louca, acordando as 3:30 da manha para subir mil metros entre 4450m (onde dormi uma noite), ate o Thorung La Pass, ha 5416m e depois descer 1600m ateh Muktinath (3800m), tudo isso no mesmo dia. Um pouco de dor de cabeca, mtoooo frio (talvez -30 graus) e as pernas bambas. Sem contar nos dois seguintes dias sem quase poder caminhar, mas caminhando por 7, 8 hrs. Mas o pior eu acho q foi o ultimo dia, qndo subi de 2800m a 3200m e depois desci a 1000m e pela primeira vez na historia tive q concordar com meu guia e descordar do ditado q "para baixo td o santo ajuda". Nem sempre.
Nesse trekking aprendi q nem sempre descer eh melhor q subir e fiquei maravilhada com a alegria e simplicidade desse povo q faz td caminhando (sim eu tb vi dois poters - pessoas q carregam peso - carregando uma televisao e uma geladeira morri acima). Alem de cenarios lindos e um mar de montanhas gigantescas (q de 5416m nem pareciam tao grandes assim). Tb passei pelo vale mais fundo do mundo e eh lindo!

Foi uma experiencia maravilhosa q nunca esquecerei, mas bom tb estar de volta a civilizacao, nao ter q dormir em um quarto de madeira, qndo se estah -20 graus lah fora (pobre das pessoas q moram nesses lugares) e principalmente, lavar minhas roupas!
Agora ficarei mais uns 3 dias em Pokhara (onde estou) e depois mais um ou dois dias em Kathmandu e back to Europe.
Faltam 17 dias para estar aih com vcs e a saudade soh aumenta!
Bjos e amo vcs!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Voto de Boas Festas

Reproduzindo piadinha infame do Marcio, queria desejar tudo de bom nesses últimos dias de 2008, ano tão especial para mim. A todos que já deixaram suas boas energias seja por aqui ou por e-mail.

Fiquem com DEUS, tudo do mais fino para vocês.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Personal choffeur da casa

Chegado, São Paulo, telefone celular.
Quanta gente pra falar, ninguém pra falar.

Tentando organizar há 11 dias a minha mochila. Tentando.
Tentando baixar fotos e o iPhoto travando.
Tentando organizar meus arquivos bagunçadérrimos no Mac HD.
Tentando listar meus afazeres.

E os carros se multiplicaram, por Deus!
E eu fui convocado para ser o choffeur da casa nesses ultimos dias.
Até meu pai no banco de trás eu levei.

Tentando fazer uma nova seleção de fotos para colocar aqui.
Tentando.
Mas eu vou conseguir, o bodinho passa depois de duas cervejas.

Boa primeira Sexta-feira", com S maiúsculo, desde que cheguei.
O buteco sussurra baixinho: vem...
Boa sexta feira pra você!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sobre voltar e ressuscitar

De repente estava ali dentro do avião sentado ao lado de uma velhinha com um bafo monumental. Tentei socializar, ser educado, mas vi que eu não conseguiria encarar. De repente, meio Lexotan, que tal? O 747 da Lufthansa toca Cumbica. De repente estou de volta. De repente está tudo estranho. Uma estranheza familiar. Uma alegria esquisita.

Depois escrevo mais.

PS a: de repente alguém me viu andando de bicicleta pela zona oeste. De repente a pessoa deixa um comentário anônimo no blog. E eu, que queria passar anônimo por aí descubro que não posso nem pedalar mais irreconhecido num sábado de mormasso pela Z.O.

PS b: Aham, tá sendo difícil escrever aqui desde que tornei. Mas ainda tenho uma pá de foto pra pôr e textos e idéias e conclusões e outras coisas prolixas, mas que andam devagar por preguicinha...
Sinto dizer, mas acho que a morte iminente deste brogzinho está anunciada. Alguém tem um desfibrilador?
(comentaí!)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Smile, you've been in Kenya!"

Era essa a mensagem que ostentava um outdoor na entrada do aeroporto internacional Jomo Kenyatta*, em Nairobi. Parece-me uma coisa bem plagiada do aeródromo de Porto Seguro, fiquei esperando a minha fitinha do Bonfim. Foi uma alegria imensa chegar ao único lugar em Nairobi onde me sentia seguro. A cidade é ironicamente celebrada pelos viajantes como "Nairobbery", pelo calor com que os turistas são recebidos pelos meliantes. Crescido em Sampa, com 6 assaltos no currículo, viajando e cuidando de mim mesmo por mais de 7 meses, confesso nunca ter me sentido tão ameaçado/visado/alvo quanto em Nairobi. Considerada por muitos viajantes como a capital mais perigosa do continente africano, a capital queniana supostamente supera rivais de peso, como Lagos e Johannesburg.

Bom, mas o que importa é que cheguei em paz ao aeroporto. Que tomei as duas únicas cervejas em um mês. Que bati um ótimo papo-contraste com um jovem executivo da transportadora TNT recém chegado de Dubai e que buscava o sucesso a qualquer custo. Só falava das estratégias de como massacrar o chefe, subir rápido na vida e se aposentar aos 42 anos. Mas tinha sensibilidade suficiente para ouvir minhas opiniões contrárias, apelos de desaceleração dos desejos e ambição. No respeito, numa boa.

Na real, o Kenya foi assim comigo: no respeito, numa boa. Eu sempre tentando entender o que era tudo à minha volta e o povo tentando entender que meu nome era Felipe e não Mzungo. Que eu não era um banco americano de financiamento (leia-se bolso sem fundo), mas alguém que queria entender como era a vida e o que eles pensavam. Que queria sacar eles melhor, que prefere perguntar do que responder.

Um país generoso, que me alimentou de realidade e esperança, me mostrou alguns segredos, desmistificou tabus. Não sei como, mas não passei mal nem uma vez naquela terra, sem doenças, só resfriado. Depois de um tempo eu já não era mais atração quando cruzava a ruinha principal da cidade, adorava quando nem me notavam, quando era só mais um no campo de futebol.

Eu fui. I've been.
E volto.

*Jomo Kenyatta foi o pai da independência do país, em 1963, o líder-mor da nação. Engraçado o paralelo da sigla JK com John F. Kennedy e Juscelino Kubitschek. Ou seja, se quiser ficar marcado na história de um país, escolha nascer sob uma sigla que traga sorte.