terça-feira, 15 de abril de 2008

Notas sobre Fes

# “Pelo prazer dos olhos”, assim dizem os pilantras que tocam as arapucas “pega-turista”para tentar te levar pra ver a fabricação de artesanato nas quebradinhas das vielas. A ordem é bem essa mesma: primeiro fisga os olhos e depois seu bolso.


# Vítima da multiplicidade étnica desse caldeirão, já fui chamado de Ali Babá (por causa da barba, ainda rala para os padrões do Passoka e do Champs), de espanhol, de italiano, de marroquino nativo (confesso que adorei; o cara demorou para entender que eu não falava árabe; aconteceu mais de uma vez), de francês, claro, e até de “branco como o queijo lá de casa”. Esse tava me tirando...


# Burrada aqui é um termo literal. Nas vielas, muitas vezes com 2 metros de larguras, você tem que ficar muito atentos aos gritos (muitas vezes sussurros) de “attention”. Senão leva uma burrada nas costas. E, dependendo da carga, pode machucar bem...


# Coisas que não vimos em Fes:
- Gelo
- Rato (já que tem gato em todo canto!)
- Cerveja
- Pizza
- Hambúrguer
- Beijo na boca (no máximo, uma mãozinha dada)
- Biquíni ou maiô
- Perna de mulher
- Camelo
- Mulheres nativas em cafés


# Dado meu apreço pela saborosíssima carne de camelo, já cogito aceitar propostas que envolvam mais de cem quadrúpedes da espécie supracitada na troca da mão da senhora minha mãe.
Assim, se eu vender a metade dos bichinhos terei grana suficiente para trazer os amigos para uma churrascada na Medina. Que tal? E mainha ainda acharia alguém para bancar seus pratos e bijoux. É o ganha-ganha-ganha (alô galera da Lew!) do oriente!


# Além da bela luz que cerca as entranhas da Medina, o céu fica mais feliz e maroto com as revoadas de andorinhas que, no final da tarde, voltam para seus ninhos, no muro que cerca a vila.


# Em Fes ainda não vi (só comi...) camelo, já camelô...


# Animada com a possibilidade de comprar um belo álbum de fotografias que viu na vitrine de uma papelaria, mamãe não hesitou em perguntar o preço daquele álbum de capa tão bela. Mas a resposta não veio bem como ela esperava:
- É um livro sagrado, senhora. É o alcorão.
Não pude conter o riso, nem minha mãe, nem a moça séria do balcão. Gargalhamos pela calçada sob um sol doce.

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