sexta-feira, 27 de junho de 2008

Luna gosta de sorvete


Virando os zoio

Viajar oferece um verdadeiro cardapio de coisas novas e/ou bizarras, como Luna, a vira-lata da famiglia Spampinato, aqui de Catania, que me obedece e me adora. Nao tanto quanto um belo gelato, claro.

Uma questao privada

Parece que ainda nao terminou a fase nojenta aqui no blog. Reproduzo o e-mail carinhoso e de utilidade publica que recebi do meu tio Roberto Mortara. Vale a pena.

***

Para o Felipe Querido e para quem leu seu Blog,

Do caso das privadas Italianas:

1 Bela massageada no ego do primo-tio

2 As privadas européias tem princípio de funcionamento diferente das ( Norte, Centro e Sul ) Americanas.
Aqui são sifonadas ( siphon pan ). No início da descarga a água que passa pela parte alta do tubo de descarga ( o sifão ) aspira a água e os dejetos do fundo do poço. O fim da descarga repõe a água do fundo do poço, para isolar o cheiro do esgoto.
Aí as privadas são de arraste ( washout pan, saída d'água para parede; washdown pan, saída d'água para o piso ). A água da descarga empurra a água suja e seus dejetos em direção à saída. O tubo de descarga também é sinuoso, mas só o suficiente para manter água no fundo do poço isolando o cheiro da rede de esgoto. Para funcionar ( a água da descarga empurrar a água suja ) essas privadas tem o poço fundo. Fica difícil para o sólido descer sem lambuzar as paredes. Por isso tem sempre uma escovinha do lado.
Pra ajudar, tem uma versão com um patamar seco para parada do sólido antes do poço final. A idéia é "olha a cagada que você fez", antes do despacho. Tudo em nome da saúde.

3 Na Itália estão alguns dos melhores fabricantes de cerâmica de banheiro do mundo, e os melhores fabricantes de equipamentos. São bons em desenho e em tecnologia. Boa parte das máquinas da Deca são Italianas. Mas também a Itália tem um número enorme de pequenos fabricantes. É provável que você esteja encontrando privadas de fábricas de fundo-de-quintal; que soltam lascas...

um beijo muito grande de todos nós, Rô

quarta-feira, 25 de junho de 2008

...


O titulo desse email era pra ser "Eu ja sabia", mas tenho tentado fugir do meeeega obvio.
Sai da casa do Christos, andei 150m, cheguei no pub. Dei oi para a Manu, outra garconete, deixei minha mochila no movel sob a TV e fui para o banheiro. Mijei, sai da cabine. Suava em bicas, enxuguei o suor com tres folhas de papel toalha e ja ouvi o Rosario me chamar do bar. Fui direto.
Ele me pediu para o acompanhar na sua salinha (aquela mesma, do post abaixo) e eu sabia que nao era para me oferecer nada de ilicito (ateh porque eu nao aceitaria nada, alem de um punhado de euros). Subi, ele sentou atras da mesa e abriu um caderninho azul calcinha que caiu direto numa pagina com algumas notas de 10. Olhou pra minha cara de Mister M dos estadios (lembra dele?) e disse:
- Estou te dispensando por enquanto, porque tem muita gente pra trabalhar e a demanda caiu depois que a Italia perdeu. Mas podem rolar uns frilas. Vai procurando trabalho, mas eu ainda posso te ligar.
- Ok. Mas me diz uma coisa, tem alguma coisa a ver com o meu comportamento?
- Que nada, seu comportamento foi magnifico esses dias. Fique tranquilo. Te ligo.

Pegou 3 notas do bolo e me deu. Contei, olhei no olho dele com cara de "eu queria tanto que voce me contasse mais sobre a vida mafiosa para eu escrever uma bela materia para algum periodico brasileiro, mas que pena que voce nem imagina" e coloquei tudo no bolso.

Dei um passo para tras, em direcao a porta e estendi a mao. Apertamos as maos, como cavalheiros, claro.
Naquele instante pensei: que bom que eu nao lavei a minha.

PS: voltei par a casa do Christos, para o teclado grego e estou contentissimo com a cerveja que comprei para assistir (de verdade) ao meu primeiro jogo da Eurocopa: Alemanha e Turquia. Mais vale assistir um jogo numa tevezinha do que nao ver nada num telao que voce montou.

Credibilidade proporcional

Ao achar uma correspondencia no chao do pub, descobri que o dono da birosca atende pelo nome completo de Caruso Rosario Danielle. Fala serio! A credibilidade de um irish pub que tem como proprietario um cidadao com esse nome eh proporcional a credibilidade de uma barraca de acaraje by Felipe Mortara. Nao?

Nao consigo mais disfarcar que acho ele o maior 171 cheirador de cocaina. E eu sei que ele sabe que eu sei o que acontece no escritorio dele quando ele sobe por uns 3 minutos e volta com o indicador apontando freneticamente para Meca.
Dias contados, ainda bem, pois o dinheiro das ostras e d pro-secco que ele serve aos amicci mafiosi mal paga meu custo de vida aqui.
Baccio, Rosario!

EuroTrampo

Jah contei aqui que acho que minha permanencia nesse trampo no pub estah diretamente ligada ao desempenho da Scuadra Zurra na Eurocopa.

Hoje no nosso maravilhoso telao que eu faco descer com a manivela, passou a 3a partida das quartas-de-final, Holanda e Russia. Desse jogo saÌa o adversario da Italia na semi, isso se a Italia vencer a Espanha amanha. Logico que todo mundo tava torcendo pra Russia, que aparentemente eh um time mais fraco, que soh desembestou na ultima partida, contra a Suecia. E a Holanda meteu 3 a zero na Italia, logo na estreia na competicao e veio massacrando geral ateh aqui.

No comeco do jogo eu ateh pensei que podia dar Putin, pois lembrava da garra que tinha estampada na cara do moleque que carregava a 10 nas costas. Passou pela minha cabeca. Mas na sequencia veio a campanha avassaladora e muito bonita de ver da Laranja Mecanica. Eu tava torcendo por eles durante todo o campeonato, pois eles sao campeoes mundiais em morte na praia, mesmo estando abaixo do nÌvel do mar.

E entre uma bandeja e outra eu ia ouvindo o locutor italiano berrando gol e uns meninos russo-italianos, que foram no pub ver os 3 ultimos jogos com o rosto pintado, liderando as comemoracoes.

E foram tres tentos no gol de Van Der Sar, sendo dois do instigante e giovanne numero 10. Alguma coisa me dizia...
Italianada feliz. E eu tenho que ser azzura desde o bercario amanha. Nem pensar em comemorar gol da Espanha, mesmo que no fundo agora eu esteja torcendo para Russia ou Turquia, que enfrenta a turma da Oktober Fest na primeira semi-final jah definida. Seria lindo ver um pais de maioria muculmana ganhar uma Eurocopa. Ia levantar a moral dos imigrantes desrespeitados e discriminados aqui no Velho Continente.
Pela primeira vez estou botando feh em quem nao bebe.

PS: esse post estah escrito sem acento porque o computador do Christos, meu amigo grego, nao sabe o que eh um til. Mas se quiser um beta ou um omega, tem de monte.

PS 2: esse post foi escrito no sabado (21/06) a noite. De la pra ca (quarta-feira 25/06) a Italia ja jogou e ja perdeu. O capo nao ficou tao puto quanto eu pensava, mas sinto que ja estou com os dias contados la no trampo.

PS 3: hoje tem Alemanha e Turquia no telao... Amanha Russia e Espanha. Quero ver Turquia e Russia na final.

1/2a's

Eu sempre usei meia de algodão branco. Daquelas que vendem de saco de 10 na World Tennis. E sempre achei normal, talvez até bonito. Usava com bermuda de qualquer cor, com calça jeans azul clara ou escura. Quando mais jovem e sem noção cheguei a vestir até com calça preta, mas foram ocasiões que, no máximo, cabem nos dedos do Lula. E o porque dessas meia serem as melhores eram simples, as outras, aquelas mais fininhas de usar com sapato, deixavam chulé. E eu nunca tive chulé com minhas meias de algodão.

Nem preciso falar qual era a cor dos 7 pares de meia que embarcaram na mochila. E foram se gastando, se perdendo. Até que um belo dia, no albergue de FIrenze, o Stallone precisava fazer espaço na mala de 60kg dele e me deu uns 4 pares de meia cinza. Eu na lata pensei que ia virar um criadouro de frieira, mas cavalo dado...

Isso até que uns 10 dias depois eu aterrissei em Napoli e numa conversa com a Sofia, vi suas soquetes coloridas. Resolvi que queria tirar uma onda e camuflar a parte do meu corpo que acho menos agraciada por Deus e perguntei onde poderia achar umas pra homem. Ela não sabia. Mas foi nesse papo que descobri que aqui na Itália, talvez até na Europa de um modo geral, era o “ó” do brega homem usar meia branca.
Não consegui substituir todas as alvas ainda e as uso com alguma freqüência, como ontem. Mas é só quando estou de calça, com a barra limpando a minha barra.

Chegando em casa vi que o chão aqui na frente e em volta do mercado de peixe foi lavado agora há pouco, mas ainda subia um cheiro brabo. Acabei de chegar do batente, são 3h26. Tirei a meia, preta e subiu um cheiro. Poxa, acredite em mim, eu não tinha chulé. Não é possível. É culpa do atum, dos camarões, das lulas.
Desse jeito vou precisar ser cafona de novo, por uma questão de sobrevivência odorífera.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Mão na massa

Pizzaiolo tunisiano avisa que o chefe siciliano está de olho no brasileiro aqui. Olhando cada passo que dou, que está mais divertido me caçar com os olhos do que assistir Alemanha e Portugal. (Eu tava empolgado torcendo pra Portugal até quando eu vi o Felipão cantando o hino deles, que traíra!) Gol da Alemanha, o bonitão vem do meu lado pra comemorar.

Estou de pé já faz três horas. Chega uma mesa com três milicos velhos e suas digníssimas. Dois de branco, marinheiros, e um outro com três estrelas em cada ombro, na cabeceira. Deve mandar em muita gente, mas não gosta muito de champignon. Esvaziei metade da pizza dele no lixo. Ele nem imagina que o pizzaiolo é tunisiano, muçulmano e cometeu haram para colocar aquele presunto cru no prato dele.

Marcação cerrada do cidadão de camisa verde eterna, até a hora em que ele sai para comprar carne de cavalo. Respiro. Respiro de novo. Acabou o respiro, o açougue é na esquina. De repente, o dedão do pé esquerdo começa a apitar e parece unha encravada. Mas eu nunca tive unha encravada. Será que é?

Fim de expediente, mas agora tem que carregar tudo de volta pra dentro. Luca, meu colega que vive com um amigo, tá com uma hérnia braba e foi parar no hospital para tomar uma infiltração ontem às 5 da matina. Conclusão, trabalho quase dobrado, já que lá no pub menina não pega no pesado. E a unha grita.
Tranco a última porta, suor deslizando pelo nariz. Pego a gorjeta, a melhor desses 6 dias: 4,20 euros. Fiquei feliz. Quase pagou meu kebab com cerveja: 4,50. A unha já nem dói mais tanto.

Carona da colega que cola, que estava indo colar na casa da sua colante. Britney Spears no som do carro. (Eu sei, mas carona não reclama). Vira aqui, sobe um pouco ali, chegou. Quatro lances. De escada. Porta com chave medieval de 10cm abriu suave. A segunda porta, com chave “tamanho pipi de japonês”, encalacra. Na quarta tentativa abre. Tudo escuro, silêncio. 2h23.

Resto de kebab na mão. Ainda resta meia cerveja Beck’s. Pena que não tem (o/a) Original. Cortador de unha em punho, rumo ao banheiro, com mais luz. Pé na borda da privada, caça pelo foco da dor, mas não dá pra ver nada. Puxa, cutuca e pof, aparece uma ponta de unha no lugar errado. E depois mais. Pena que meu trim não é um alicate de pedicure. Amanhã peço ajuda feminina. Tô lapidando a unha e pof. Trim cai na privada. Ah, mas que nojo! A privada de baldinho! Nãããããããããããão! Nem pensei, meu trim é mais importante, é querido, tenho há mais de 10 anos.
Tava fedendo. E eu também.

Considerações sobre as privadas italianas:
Querido tio, Roberto Mortara, que trabalha desenvolvendo produtos na Deca há muitos anos, tem muita coisa que tenho observado nos meus momentos mais íntimos nesses meses por aqui. A primeira dela é que a cerâmica italiana é vagabunda. Lasca todinha e não vi nenhuma privada branca e bonita como as que você faz, então, meus parabéns. Segundamente queria frisar que não entendo por que os vasos italianos tem uma espécie de prateleira no fundo. O texto não vai direto ao ponto, se é que você me entende. Pô, parece que eles gostam de usar aquela escovinha nojenta que é mais presente nos banheiros do que imagem de santo nas igrejas. A terceira consideração é a mais nojenta, então se você teve um desprazer de ler até aqui, não leia as duas próximas linhas.
O fundo de TODAS as privadas da Itália é lascado e manchado de marrom. Inclusive (e principalmente) a da que eu acabei de meter a mão.

Não pára, não pára, não pára

Olho na 6. Cerveja acabando na 20. Falta o macarrão da 12. O pessoal da 40 não pára de pedir coisa. Béééé, campainha da cozinha. Cuidado, salão úmido. Vários pedidos, um em cada mesa, o chef fala rápido. E rasga as comandas, sem vacilo. Telão bombando, bola na trave da Rússia, olhadela de leve. A 29, lá no fundo, levantou. Bandeja, pano e spray. Cadeiras embaixo da mesa de novo. Bordas de pizza: lixo. Metade do macarrão: lixo. E as crianças da Etiópia? Talheres sujos na cumbuca. Chefe na 30 lendo Corriere dello Sport, mas de olho em tudo. Duas paquinese saindo, uma norma, duas capricciosas, três margheritas com salsicha. Ajuda do Luca, no meu braço não cabe tudo. Tem 22 moleques na mesa 40, aniversário. Embrulhos de presente no chão. Agora no lixo. Mãos sujas de maionese.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Catânia coquinho


Essa é a varanda do quarto, aquele é o Etna, será que achei o local perfeito? Será? Será?

Como eu queria escrever que está tudo na maior calma aqui. Mas pelos 6 dias desde o último post dá pra ver que a correria tá grande, né?
E isso é bom.
Vamo lá, o trampo parece que tá engatinhando. Explicando melhor, é um pub/pizzaria/trattoria171 (chamado Taarna Irish Pub e o dono se chama Rosário, só pra você sentir como é Irish) e hoje vai ser meu sexto dia lá. É impressionante como roda gente, então eu me sinto sempre na corda bamba. Tem gente que tá lá há um ano, mas a maioria há não mais de um mês. 30 euros por noite é super pouco, por mais incrível que pareça, pois o trabalho é super desgastante fisicamente e você “perde” a manhã seguinte, pois está sempre moído.

O custo das coisas aqui é super alto e os 30 euros não dão pra muita coisa. Hoje, por exemplo, eu já gastei 15, e são apenas duas da tarde. Comprei duas camisetas pólo pretas e cinco bilhetes de ônibus. E só, nada de comer ainda. Lógico, as camisetas são investimento, para não precisar comprar mais pra frente e ficar tranqüilo para ter roupa de trabalho sempre.


Ali no fundo é a entrada, esse é só o começo do dia de trampo...

Estou garantido na escala do pub até domingo, quando tem jogo da Itália, pelas quartas-de-final da Eurocopa (espécie de Copa do Mundo, sem Dunga&Cia e Los Hermanos) e agora me caiu a ficha que eu tô ficando por lá muito por causa da competição. Isso porque o pub funciona na rua, que a gente fecha depois das 20hs, coloca umas 50 mesas e um projetor transmitindo partidas das seleções das vizinhanças. Ontem o jogo foi contra a França e valia vaga nas quartas, e para completar, “salão” lotado, todas as mesas cheias, 2 bandejas por minuto, nenhuma luz na rua (não dava pra ler o numero das mesas) e um medo enorme da chefia (que se confirmou no final) de clientes fugindo sem pagar ao apito do juiz.


Bar, e eu não tomei nenhuma Guiness na faixa ainda

Bom, a conclusão é que eu preciso torcer demais para a Itália ganhar da Espanha no domingo e seguir em frente, posso torcer até para ser vice-campeã, contanto que chegue na final, que é dia 29/06. Assim, quem sabe meu trampo vai ficando garantido.
Hoje estou só eu e mais um garçom meio moça para tirar todas as mesas e cadeiras, tomara que transcorra na paz.

(Recebi meus primeiros 90 euros no sábado e a sensação de ser pago em cash é beeeeeem ruim, sabia? Tem um quê de puta... Para quem sempre recebeu no banco... Mas pelo menos o dimdim tá na mão.)

Bom, agora assunto casa. Achei um buraco pra ficar, por pelo menos 15 dias. É um quarto no 4o andar de um prédio vizinho à linha de trem e ao mercado de peixe. É bem central, isso é ótimo, pois dá uns 7 minutos a pé pro pub. Mas é do lado de uma rua com vários barzinhos e minha chegada lá anteontem às 02h30 foi horrível, pois o calor era intenso e não rolava dormir de porta aberta. A farra rolou até as 4 e às 6 começou o movimento da turma do peixe...
Eu tava lendo um livro intitulado Blink, de Malcom Gladwell e nele tinha uma pesquisa que mostrava que as pessoas conseguiam conhecer melhor uma pessoa olhando o seu quarto por alguns minutos do que conversando com ela por 15 minutos. E onde eu quero chegar com isso?


A primeira impressão é a que fica?

Simples, o apê é de uma mina beeeeeeeeem estranha que deve estar com a cabeça bem complicada e isso eu pude notar em cada detalhe. Chão de azulejo “branco” LOTADO de pó e daqueles montes de pêlos que se enrolam, sabe? Não vou nem falar que meu quarto tinha uma coleção desses montinhos e mais uma porção de outras sujeiras pelo chão. Na cozinha, tudo largado sobre a mesa, mas a janela aberta fez tudo se esparramar pelo chão: caixa de cereal, saquinho de chá usado, folhetos anunciando dentista... Montanha de pratos e panelas na pia, nenhuma garrafa de água. Na geladeira, dois pimentões, um queijo duro, duas caixas de leite. E só.


Leito, mesa, armário: tudo em um...


Prova do crime

Tem outros pontos positivos para equilibrar, tem uma vista bonita para o Etna e para a catedral. Mas o que pegou foi o banheiro. Bicho, pagar 200euros por mês para dar descarga de baldinho não rola, certo? E lavar roupa no braço só se eu tivesse ficando de graça, não? Na Europa do século xisxisí não ter lava-roupa em casa não existe. Essa é a cereja no bolo, é o que coroa esse apê definitivamente como provisório.


A cada 40 minutos um terremoto de 5 graus na escala Richter; barraquinhas do mercado de peixe, a Pescheria (fora o futum que sobe...)

Visitei um outro beeeeeeeem mais bacana, um pouco mais longe, mas ainda assim dá pra ir a pé, numa buena. É um lugar mais calmo, custa 160/mês, tem internet, lava-roupa, um quarto amplo, silencioso e uma galera (4 caras que me pareceram bem normais) com uma vibe boa. Só que só vaga no começo de julho, quando a austríaca que mora la desocupar o quarto. Disse que eu tava super interessado e tô esperando uma resposta deles. Tomara que eles não estejam procurando uma outra loira gostosa, pois eu já fui loiro, mas o segundo item tá difícil com a quantidade de pizza que tenho comido aqui.

Bom, a situação é essa. Período meio turbulento, mas que deve se acalmar. Mesmo assim dá sempre pra rir e ver o lado Coca-Cola das coisas (muito ruim essa, pior que o trocadalho do título, desculpa).

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Qual é, merrrrmão? Aqui é Napoli, pô!



Vesúvio, o ativo Pão de Açúcar napolitano

Eu acredito que gente reencarna. Eu acredito que animais reencarnam. E depois de visitar Napoli eu também passei a acreditar que cidades possam reencarnar. Napoli é uma espécie de Rio dos anos 60.

Tem um romantismo imortal que consegue superar o ruído infernal das buzinas e do clima caótico da cidade. E imerso por alguns dias nesse romantismo consegue-se captar coisas subentendidas.


Dolce gusto di Napoli


Olhos no estandarte

Aqui ainda tem aquela coisa da malandragem, ainda tem mais Vespas do que ruas para andarem, ainda tem ladrão que passa em cima da motoca arrancando bolsa, ainda tem um porto funcionando, ainda tem muita gente com muita grana, ainda tem muita influiencia da Máfia, ainda tem o Vesúvio abençoando e amedrontando, ainda tem mulheres charmosas e provocantes, ainda tem lixo jogado pelas ruas, ainda tem pescador que vai e volta todo dia em sua canoazinha, ainda tem foto do Maradona em todo lugar, ainda tem camisa do Napoli para vender em toda esquina, ainda tem a melhor pizza da Itália (pelo menos até agora), ainda tem o maior museu arqueológico do país, ainda tem uma diversidade de frutos do mar enorme, ainda tem um metrô obsoleto, ainda tem um centro histórico caindo ao pedaços, ainda tem um complexo de galerias subterrâneas da época dos gregos e romanos, ainda tem charme. E ainda tem mais.


O diabinho no museu de arqueologia


Atlas, que carregava o mundo no ombro; como a culpa que eu já senti

Rolou uma coisa meio maluca na chegada, pois eu devia encontrar o Zeno, meu anfitrião napolitano, no cais da marina onde ele trabalha. Ele tinha estado o dia todo no mar. Já passavam das 23hs quando eu cheguei ao Borgo Marinaro, ele me explicou onde estava o seu barco, mas simplesmente não dava pra ver nada, pois estava escuro e havia um mar de embarcações. Esperei ele por 50 minutos na frente do Ristorante Transatlântico. Porra, 50 miunutos! Tá bom que eu tô viajando, de boa, mas uma hora de chá de cadeira em pé é um montão, vai? Daí chegou Zeno, com uma aparência meio cansada, abatido. Me mostrou onde estava ancorado o barco. Tirei meu tênis, e o segui. Atravessamos uns 5 barcos até chegar no que ele estava. Era um veleiro pequeno, mas simpático. Haviam outras 4 pessoas a bordo. Ah, bebia-se vinho no gargalo e comia-se maçãs.

Naquele instante, descalço naquele barco, num porto em Napoli, com um monte de gente estranha que eu mal conhecia, bebendo vinho e comendo maçã eu senti algo estranho. Parece que foi ali que me deu um click. Senti que eu estava viajando mesmo, que eu estava no mundo, viajando como eu queria, com o peito aberto para imprevistos e mudanças de rumo.

Na seqüência pintou Antonio, de carro trazendo a simpática vira-lata Meggie, para nos buscar. Fomos até a casa dele, vizinha à de Zeno. Bicho, daí começou a noite surreal.
Uma bandeira gigante da Napoli cobria uma da paredes. As outras, pintadas de azul (cor símbolo do time) levavam pôsteres, faixas e fotos de ídolos. Tinha uma parede toda dedicada ao Maradona, só não tinha um altar por milagre. Uma bela foto de Dieguito com Alemão e Careca dava o tom tupiniquim. Isso tudo num espaço apertadíssimo, no que aprecia ser um estúdio de gravação desativado. Tinha uma mesa e alguma cadeiras. Lá pela uma da matina chegam 3 amigos de Antonio, três senhores, com varias sacolas e uns vinhos na mão. Eles eram garçons do restaurante onde Antonio trabalhava, estavam vindo fazer um happy hour, depois do batente.


A loucura começou quando os caras começaram a conversar sem parar em dialeto napolitano, que não da pra entender um cazzo. Depois de algum tempo eles meio que perceberam que eu tava lá, quase afundando e começaram a falar em italiano. Quando caiu a ficha deles que o Careca era brasileiro e tinha jogado no meu São Paulo, parece que eu virei a mulher mais gostosa do mundo. Todo mundo me deu ouvidos, me perguntava as coisas, sobre o carnaval, a mulherada, o Adriano, o Lula e tal... Tudo isso regado a vinho e queijos que eu nunca tinha nem imaginado. Tinha um tal de formaggio del nonno que era sensacional, comi também um chorizo bem nojento que estava saborosíssimo (perdoem o trocadalho) e um queijinho com nozes fora do comum. Conclusão, não aprendi nenhuma palavra de napolitano, comi bem pacarái, e fui pra casa do Zeno amarradão. No dia seguinte, fiquei impressionado com a casa, era um palacete insano de frente pro mar, no bairo de Possilippo. Tudo isso via Couch Surfing, muito show.




Casa di Zeno, dentro ed fuora

Depois tiveram as amizades, mais festas doidas, mais gente bacana. Carolina, a namorada do Zeno foi muito fofa desde o começo e me apresentou a Sofia, que acabou sendo a salvação, pois o Zeno partiu pruma regata. Ela me hospedou na casa dela por 3 noites! Coração ponta firme, sei la, era idêntica a minha prima Chica, de feição, jeito, tudo. Ficava assustado às vezes.


Sofia e eu, pessoa muito firmeza

Napoli não é obvia e não é difícil não gostar. É fácil achá-la irritante, perturbadora. Mas depois de um momento eu já nem havia mais reparado nas motocas passando a milhão coladas em mim, em vielas estreitíssimas. Me acostumei ao pulsar das coisas no centro antigo, me senti meio estudante de novo (não só nas bilheterias de museu) e mais vivo.

Napoli te deixa mais ou menos como quando você volta do Rio. Leve, bem humorado e com um quê de levar as coisas na boa.

Muitos Vaticanos

Eu tinha vontade de ir ao Vaticano e ver o Papa, mas quando eu estava por lá ele estava em Genova. Pra ser sincero, eu não gosto desse papa, acho que ele tem uma vibe ruim, não me traz uma energia boa. A gente era feliz com Voitila e (eu, pelo menos) não sabia. Mas acho que é legal o ditadinho sobre ir a Roma e não o ver.Tentei me agilizar para ir ao Vaticano e de uma vez só (numa quarta-feira, quando o Papa faz a benção na praça) e ver tudo. Não deu.


Na primeira vez, com o religioso Stallone, visitei a Basílica de São Pedro e os túmulos dos papas antigos, que ficam no sotteraneo do prédio. Logo na entrada a Pietà, de Miguel, já te deixa meio abalado, tamanha a realidade da coisa. Depois você vai no ritmo da manada de turista até o túmulo de Pedro. Belas estátuas dele e de Santo André. A cúpula, projetada por Miguel (e só concluída depois de sua morte), é altíssima, mas toma um pau da Catedral de Firenze em termos de beleza e afrescos. Tudo tem uma dimensão estratosférica, acho que da porta até o ultimo altar no fundo tem uns 350m, as laterais devem ter uns 200 de ponta a ponta da cruz.


Os túmulos são interessantes, mas as pessoas param pouco. Descobri ali que João Paulo I ficou alguns meses só no poder e morreu subitamente (envenenado, dizem) e daí assumiu o Segundo. Por sinal, eu me arrepiei quando cheguei na tumba dele. Não foi só porque havia um monte de flores e bilhetes, mas porque uma freirinha velhinha estava ajoelhada ali rezando e parecia que só sairia quando o homem ressuscitasse. Deixei meu bilhete, fiz minha prece e senti uma energia boa.

Depois, passamos no tradicional correio do vaticano e escrevemos postais para mamães e vovó, a minha.

Meu segundo dia no Vaticano foi uns 3 dias depois, com Kesh e Jen, da companhia de teatro. Mas o bacana é que antes de irmos, fomos super aconselhados e tivemos um mini-tour particular em casa, com o Denis. Ele explicou muita coisa sobre as salas, os artistas e seus trabalhos. Deu uma aula particular sobre Miguel e chegamos na Capela Sistina completamente a par das coisas. Claro, que eu senti falta de ter lido a bíblia, e creio que o farei ainda esse ano.

O museu é uma coisa colossal, o segundo mais visitado do mundo (só perde pro Louvre) e você se sente como um elefante numa manada. Ficar mais de um minuto parado ou voltar pra trás, nem pensar. Se viu, viu, se num viu, perdeu, preibói. “Veja, fotografe e vaze”, esse é o lema.




A Capela Sistina é indicada em todas as placas, a cada 20 metros. Parece que na próxima curva ela estará diante dos seus olhos, mas demora, demora, demora. Você fica meio impaciente, parece que não chega nunca. Passa a Sala dos Mapas, a Sala dos Gregos, a sala do Rafael, a Sala Moderna (com Dalí, Van Gogh e Bacon)...


Jesus, by Vincent


Tapetes de mais de 400 anos

E quando você já esta de saco cheio, chablém! Você adentra uma espaço de uns 40 metros por 20 e olha pra cima. E vê todo mundo olhando pra cima. E ouve uns brutamontes gritando “no picture” e “no photo” e mandando a boiada para o lado menos vazio no momento. Acho que na meia hora em que eu estive la passaram umas 500 pessoas. E isso é muito, porque as portas de entrada e saída são super estreitas.

O teto encanta, você não consegue tirar os olhos do Dedo de Deus, muitos binóculos apontam para lá. Parece um céu, se reconhece passagens bíblicas aos montes. Denis explicou que como nenhum artista era autorizado a assinar suas obras, eles inventavam jeitos de deixar sua marca. Rafael pintou a si mesmo num dos afrescos, já Miguel (ou Michelangelo), achou um modo mais original de autenticar seu lavoro. Nos olhos da Virgem M deixou sua impressão digital. Há 400 anos, ele teve esse input, que só veio a ser usado no século XX. Gênio é gênio, sempre.
E a Igreja tem que cuidar de seus tesouros.

PS: eu podia ter dado uma migué e tirado foto na Sisitina, mas achei que por uma vez valia a pena tentar eternizar na cachola, já que ignorei os gritos de "no photo" e cliquei o David, em Firenze.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Um dia feliz

Ia começar citando o Jota Quest, mas ia pegar mal pra minha reputação de jornalista. Então, vou começar contando:
- que este post é em tempo real
- que hoje, 12/06/2008, eu estou em Catânia, na Sicília
- que o tempo tem estado magnífico nos últimos dias, sem calor demais
- que hoje comi magnificamente, para variar
- que escutei explosões do Etna na hora do almoço e à tarde
- que descasquei mais pêssegos hoje do que na minha vida toda
- que fiz uma bela sangria
- que colhi uma cesta de cerejas do pé
- que estou aprendendo a gostar de cereja
- que estou aprendendo que estou comendo as melhores cerejas que eu vou comer na vida
- que eu mereço fazer siesta quando trabalho no almoço
- que meu irmão gravou uma música de autoria própria
- que a música é linda e que ele tem só 14 anos
- que quando eu voltar ele vai estar do meu tamanho
- que na verdade, acho que ele vai estar maior do que eu
- que eu fiz almoço prum candidato à presidência da província
- que eu fui no comício dele agora à noite
- que ele se chama Totò e que eu nunca votaria em alguém com nome de cachorro
- que do comício dava pra ver pontinhos laranjas no Etna
- que da janelinha aqui do sótão onde eu durmo dá para subir numa cadeira, esticar o pescoço e ver bem melhor a erupção
- que é uma coisa mágica ver lava saindo da montanha


- E que para coroar tudo isso eu arrumei um teste de garçom num pub amanhã à noite no centro de Catania, das 18h30 as 02 (horario de puta), que eu to numa casa bem longe do centro, que só tem busão até as 23hs e que mesmo assim eu to feliz pacarááááááái por que eu vou ganhar 30 euros e voltar a trabalhar depois de mais de 2 meses.

PS:
- que tem um hasmster que faz cooper de madrugada na rodinha dentro da gaiola aqui no quarto
- que isso é engraçado, mas enche o saco quando eu quero dormir, tipo agora

terça-feira, 10 de junho de 2008

Lambanças no Coliseu

Brincando de repórter, pagando mico e Stallone roubando a cena.



Viajar é bão.

Roma, de trás pra frente



Alguma coisa me provocou em Roma. Cheguei lá com Stallone por volta das 14hs, depois de empurrar a mala de 60kg por 5 intermináveis quarteirões até o albergue dele. Foi a nossa via crucis. E o pior é que tinha um carinha romeno que tomava conta do albergue que era meio má vontade total, nível passar na nossa frente da fila do elevador e nem relar nas malas, que ele tava vendo a nossa dificuldade. Em resumo, cheguei em Roma puto.

Achamos o Kebab de um marroquino ali vizinho, fizemos a barriga por 3 euros e uma Fanta (que aqui é boa) e pegamos o metrô rumo à estação Colosseo. Acho que é a estação de metrô mais maluca que já inventaram porque você sai da catraca e seus olhos já se confrontam com aquela imagem mítica, encravada na cabeça de bilhões de pessoas. Custa a acreditar que aquilo está ali assim, pof, na sua cara. De repente, seu olhos voltam pro chão e você vê que outras 30 mil pessoas tiveram a mesma idéia que você. Aham! Você não é um gênio, não descobriu a roda.

Na real eu não tava entendendo muita coisa, mas sabia que queria entrar no Coliseu, não teria jeito. Vi uma horda de gente passando o portão e pensei: “Oba, patrimônio cultural da humanidade, entrada grátis, afinal acho que como humano faço parte da humanidade”. Quá quá quá quá quá! Você primeiro entra, passa pelo detector de metais (que é a maior enganation do mundo) e lá na frente tem (claaaaro) a biglieteria. 11 euros pra ver um patrimônio que é meu. Tipo quase 30 reais pra visitar algo do qual faço parte? Eita nós, alô Procom! Cadê os meus direitos? Tentei dar uma enganation com carteira de estudante, Stallone coma de professor, mas se não for cidadão da Comundiade Européia, não tem desconto. Moral da historia: só os europeus fazem parte da humanidade.

Pagamos, entramos, curtimos. Mas revolta pagar 11 euros não ter nenhuma placa ou painel explicando nada. Se quisesse podia alugar por mais 7 euros um áudio-guide (aqueles telefoninhos de nerd, que você disca o numero e ele conta a historia, tipo 0900 do coelinho da páscoa, lembra?), mas já estávamos falidos. Tem uma energia, é lindo, dá para imaginar a covardia que rolava ali e faz pensar como o ser humano consegue ser sem-noção.

Uma surpresa boa foi saber que o ingressinho do Coliseu valia para visitar as ruínas do Palatino (colina onde Roma nasceu), Fórum Romano, casa de Augusto e varias outras coisas. Ali foi bom, parece um grande parque histórico, com muitas arvores e banquinhos para dar um break. É muita informação demais, muita ruína demais, muito passado demais, o pensamento dá um colapso cronológico.


Ruínas no meio da cidade, não tem em qualquer lugar


O gigante monumento a Vittorio Emanuelle I, herói desse país

Mas alguma coisa muito estranha aconteceu no segundo dia. Fomos visitar o centro “novo” e eu senti algo estranho. Uma coisa como se aquiles esquinas, as Piazze Navona, d’Espagna e o Pantheon, sempre me tivessem pertencido. Parecia que eu já tinha andado muito ali noutras encarnações, um lance meio cármico mesmo. Mas o mais maluco foi o que rolou na Fontana di Trevi , parecia que eu tinha estado ali um milhão de vezes, mil flahses na minha mente. Me senti meio dono do lugar, abri um vinho, joguei duas moedas, me senti turista e contemplei por horas. Sei lá, uma coisa meio maluca. Depois que caiu a ficha que pode ser algo do gene, já que meu nonno nasceu em Roma (e não em Milão como eu achava até pouco tempo atrás...) e daí comecei a pensar em tudo o que veio antes de mim. A historia de Roma e a trajetória da minha famiglia. Um olhar no retrovisor, de trás pra frente.


Cenário de Fellini


Velhinha cumprindo a tradição de jogar a moedinha de costa e sobre o ombro direito

Teve a parte do dormir e comer que foi uma graaaaaaaaande economia. Foi minha primeira experiência no Couch Surfing. E foi sensacional! O Denis é um cara super do bem, que trabalha como guia no Museu do Vaticano e em paralelo tem um negocio de aluguel de vans para turismo. É de uma cidadezinha do norte, mas manja tudo em Roma, honra o título de guia. Além de tudo, pega onda e mostrou onde e como os picos vizinhos bombam. Mostrou fotos que deram vontade de dar um tibum, mas o tempo não cooperou. Ele mora com outros dois caras super da paz, o Matteo e o Carlo. Mas a Déborah, namorada francesa do Denis, era quem fazia as honras da casa a maior parte do tempo. Ela estava internada lá estudando para começar a trabalhar como guia no vaticano na semana seguinte, vivia fazendo fichas e colecionando marca-textos vazios. Era uma fofa, conversamos muito em francês, um alivio pra ela falar um pouco, pois seu italiano ainda não é bom e só fala em inglês com Denis. E uma mão na roda pro meu francês desenferrujar e me fazer sentir como na França.


Dennis e Deborah, anfitriões impecáveis

Na casa também estavam dois atores de um grupo de teatro americano super famoso (eu só soube depois de dar um Google, claro), o Living Theatre. Kesh e Dave era super da paz e sempre chegavam de manhã, depois das apresentações (sold out 2 semanas antes) e das baladas que sucediam. A peça era sobre uma prisão militar americana na década de 50, onde Marines eram punidos por mau comportamento. É uma paranóia, uma gritaria só a peça, não curti muito não, mas os atores (incluindo os dois companheiros de sala) mandam muito bem. O espetáculo tenta mostrar como ficam malucos os prisioneiros, deixando o público irritado também.
Tiveram umas noites bacanas na casa do Denis, jogando dudo e tomando vinho. É difícil saber quando os atores estão blefando, os caras mandavam muito bem na enganation.


Dave e Kesh, numa manhã de ressaca

O Dave tinha um tarot que ele consultava de vez em quando. O cara é meio intimista, excelente músico (a viola era maravilhosa e rolava um som o dia inteiro) e contador de história. O tarot, herdado do fundador da cia de teatro, foi fabricado em 1960 era guardado enrolado em um pano roxo florido. No último dia ele fez uma consulta pra mim, sobre duas questões. Uma sobre meus próximos passos na viagem e outra sobre vida pessoal. As respostas foram instigantes, me fizeram pensar por vários dias.

Eu achava meu italiano péssimo, e a essa altura estava na Itália faziam umas 3 semanas. Mas o meu queixo caiu quando eu criei coragem, liguei para a Zia Marinella, prima do meu nonno Alberto, e depois na hora de desligar vi que tinha falado 21 minutos em italiano. Vixe, 21 minutos! Desacreditei! Ela elogiou muito meu italiano e fiquei super contente. Magda, esposa de Roberto, irmão de Marinella, foi um doce e agitou um jantar na casa deles pro dia seguinte, véspera da minha partida pra Napoli.


Famiglia

O jantar foi bárbaro e me virei super bem no italiano. Tinha uma compreensão de uns 70% do que era falado e perguntado. Lógico que pra falar dava uma senhora travada, mas saía e eu era entendido. Todos uns amores, Ana e Paolo, os filhos dos anfitriões, foram super carinhosos. Especialmente ela, que olhou no fundo dos meus olhos e me ofereceu tudo o que eu quisesse em Roma, como se fosse uma tia que eu conhecesse há milênios. Mais que tudo, ofereceu um teto e carinho. Marco, filho de Paolo, tem 14 anos e me pareceu uma mistura do meu irmão com meu primo Ricardo, uma criatura dócil e meio desengonçada. Já Marta, filha caçula de Ana, e também 14 anos, era uma mini Anninha Mortara, principalmente nos aspecto simpatia. Mas o que me deixou meio perplexo foi o primo Matteo, que chegou atrasado, e a cada gesto e palavra me fazia descobrir uma estranha mistura de sua personalidade. Senti ele como uma espécie de mix entre eu e o Fer, com alguma coisa do bem-fazer do Paulinho. Senti o sangue ali cara a cara.
Ah, e pela primeira vez na vida vi um golden retriever branco, o Tarik (me lembrei do TariN, da Lew), de Magda e Roberto,

Ainda rolaram mais uns passeios pelo Trastevere, o parque Villa Borghese(a Galleria Borghese estava chiusa) e pelo Vaticano.


No dia da última rodada do campeonato italiano que eu me peguei lendo palavras de trás pra frente. A Roma, time da cidade, tinha chances matemáticas de ser campeã e a cidade se encheu de bandeiras. E no balançar delas eu percebi que Roma, de trás pra frente, vira um sentimento bonito, profundo e marcante. Acho que foi isso o que eu senti pela cidade. Além da certeza de que retorno um dia.

Na cidade do Miguel: uma estátua e um teto


Nunca pensei que ficaria tão emocionado ao confrontar meus olhos míopes com uma estátua. Afinal, eles já viram tantas nesses 24 anos de andanças por praças sujas, museus lotados e jardins forrados de bustos. Nossa, meus olhos nunca haviam visto (ou talvez compreendido) uma estátua de verdade, uma coisa monumental. A principio choca pelo tamanho, mas o segundo olhar traz aos olhos aquela perfeição, aquela combinação harmoniosa de curvas e sensibilidade. Poxa, que coisa de viado ficar ½ hora parado olhando uma estátua de 5 metros de altura de um homem pelado contemplando o horizonte à sua esquerda. Além do David , de Michelangelo (ou Miguel, para quem, como eu, deu uma migué e tirou foto apesar dos apelos dos monitores chatos de “No photo! – No picture”) a pequena Galleria Del’Academia possui uma outra sala com outros trabalhos de alunos que é estupenda. A cidade de Michelangelo respira arte como quase nenhuma outra no mundo. Até na xérox em que fui copiar páginas do meu guia tinha um estudante xerocando seus trabalhos.


David, criatura



Miguel, criador

Pronto, agora que falei da primeira coisa que me vem a cabeça quando lembro de Firenze (e que você achou que eu sou uma bichinha louca porque é uma estátua de um macho nu), vou falar da segunda. O teto da catedral, do Duomo. O lugar vale só pelo teto. De fora é imponente sim, bonito, é charmoso e diferente do que se vê como desenho de igreja por aí. Mas por dentro dá uma decepção que vai crescendo até quando você chega debaixo da cúpula, sob o altar. Seu olhos seguem os dos outros turistas, rumo ao céu. E o que se vê é uma pintura de tirar o fôlego a 90 metros do chão. Parece um céu, os personagens te olham, provocam e convidam você a subir. É nessas horas que faz falta não ter nunca lido a bíblia para entender alguns detalhes. Definitivamente o teto de catedral mais bonito da viagem (exceção à Capela Sistina, num post breve), mais que o da Basílica de São Pedro, no Vaticano, projetado por Miguel.


Duomo instigante


Tem gente te chamando pro céu

Bom, a galeria Uffizi é maravilhosa, mas confesso que as duas horas e ½ que peguei de fila pra entrar me tiraram o humor e o pique. No fim, não podia subir com mochila (não tinha ninguém pra falar) e tive que descer tudo de novo, deixar na chapelaria, encarar mais uma fila, explicar pra mais 2 franceses que não podia subir com mochila, subir dois lances de escada e daí começar a conhecer a coleção. Do começo da fila até a primeira escultura foram 3h10. Não tem como estar com a cabeça boa. Pluguei o iPod (que ainda funcionava a essa altura da viagem) nas orebas e parti rumo ao zigue-zague de salões. Lindíssimos, a arte levantou meu astral. Por “arte”, me refiro a Boticelli, Caravaggio, Miguel e Rafael. A Primavera de Boticelli me roubou uma meia horinha e a primeira pintura de Miguel mais uns 20 minutinhos. Um dos museus mais bonitos que eu já visitei, se não o mais completo, sem duvida nenhuma.


Ponte Vechio, a foto clássica de Firenze

Teve um dia meio maluco, fomos parar na igreja de San Marco. De repente papo vai papo vem e ficamos amigos do zelador peruano da igreja, o Simon Pedroza. O cara foi tanto com nossa cara que nos levou apra dar um rolê na sacrisstia e ver obras de arte não aberta ao público. Me senti importante, fora que eu nunca havia entrado numa sacristia antes. E tinha essa imagem de Jesus lindíssima, com um sol batendo. A luz tava maravilhosa. Gracias, Simon!


Não posso esquecer o albergue, Vila Camerata, que era maravilhoso, apesar de ser quase 40 minutos de busão do centro. Era no meio de um bosque, se andava uns 800m da porta até o prédio do século XVIII, com boa parte de sua decoração original. Pertenceu a alguma condessa e tem umas quatro árvores de jasmim, certamente o jardim mais perfumado em que já caminhei.


Teve mais gente pedindo pra tirar foto...

E claro, a cidade de Stallone. Não o Sylvester, mas o Vanderley Silva. Não o Vanderley Silva do vale-tudo, mas o Vanderley Silva gerente da Embratel de Ribeirão Preto, e figuraça que é a cara do homem. Teve nego tiando foto junto, pedindo autógrafo e tudo! Stallone foi companheiro de viagem por mais uma semana, rumo à Roma e Vaticano. Parceiro de jornada ponta firme, graaaaaaaaaaande parceiro, apesar do 1,69m de altura!


Olhos sinceros; salve Jorge, viva Jorge

Não dá para esquecer também os “papais” mexicanos, Jorge y Dulce, que cuidaram de mim e do irmão Stallone no primeiro dia. Rolou uma energia super boa e o portunhol trabalhou bem na cachola. A gente fez um rodízio na fila da Galleria del’Academia e na hora de entrar eu e Sylvester estávamos longe (hein, hein, pegou o trocadalho!?!?) e quando chegamos eles falaram pro guarda que nós éramos filhos deles, hablamos um portunhol, cortamos a fila e adentramos.


Giardino dei rose, achei um banquinho sansacional para uma siesta aqui


Agora, na companhia de Stallone, rumo a Roma. Quem disse que eu tô viajando sozinho?

domingo, 8 de junho de 2008

Milão não merece um texto grande


Duomo, na primeira vez. Perdidos nos arredores, um colírio

Talvez merecesse só porque lá fui recebido com todo o carinho do mundo pelas primas Marcela e Carlinha e pelas outras companheiras de apertamento, Cris e Dai. Fiquei à vontade, tentando entender a Itália e morgando um montão durante 9 dias no piccolino apê da Viale Zara. O nome era fácil de lembrar, porque eu sempre gostei das roupas dessa marca, mas nunca entrei na loja de homens. E como se faz? Simples, usei por algum tempo uma maravilhosa camiseta de manga comprida do Dé, meu primo, esquecida/afanada em algum momento.


Será? Um dia talvez...


Bom, voltemos à Milão. A princípio eu curti. É uma cidade muito parecida com São Paulo, inclusive os milaneses e os paulistanos. Em alguns momentos, com o divertido (e parecido comigo) Matteo, namorado de Marcela, me sentia em Sampa indo para algum canto com os amigos. Logo na primeira noite lá, estive num ensaio da sua banda, The Flights, e me senti como num ensaio da minha antiga banda, há uns 10 anos, num bequinho na Vila Mariana, com Ju, Gê, Lucas, Dé, Pedro e Flora. Mas o nosso som era mais legal. Nunca fui chegado em sons estilo The Doors e Morissey, nem a bela percussão do Enrico (gente fina também) salvava. Não era ruim, mas não era minha cara. Valeu pela foto abaixo, do vocalista ½ boca Leo, que fiz no segundo show da banda que eu assisti nesses 9 dias.


Vocal ruim e foto meia doida

Tudo o pouco que existe turisticamente em Milão está em volta do Duomo. Ou seja, da Praça da Sé de Milão. A catedral é belíssima, famosíssima e incrivelmente decepcionante quando se entra dentro. Vale a pena mesmo é ficar fora, dar uma volta e viajar nas maravilhosas estátuas e gárgulas que ornam a fachada. A senhorinha se protegendo da luz é a preferida da Carlinha. Eu precisava de mais uns 90 dias pra achar uma predileta. Ah, quando estiver na praça, desvie dos africanos que ficam te oferecendo uma espécie de fitinha do Bonfim “de presente” e depois de dar os nós ficam te mendigando euros. Se você é só um pouco brasileiro, não cairá nesse conto do vigário.


Mamãe = filhinha; menininha figura de óculos escuros

Além do Duomo, e vizinho a ele, descansa a mais de 500 anos o castelo Sforzesco, que abriga um dos museus mais ajeitadinhos da viagem até agora e com certeza um dos mais baratos. Um eurinho pra ficar diante de belas criações de Michelangelo, peças romanas de vários “xis” antes de Cristo e pinturas de Caravaggio, é um custo benefício inimaginável para uma metrópole cara como Milão.

Eu amo Milano seria um exagero dizer. O custo da cidade deixa você meio puto e estressado, e o sorvete que deveria te desestressar um pouco, custou 3 euros e 2 minutos depois já está derretendo sobre seu dedo indicador. O preço das coisas parece querer fazer jus ao glamour, as marcas fashion e toda a coisa da moda. É uma bobagem, nunca vi tanta gente tão cafonamente (uso um advérbio brega pra me igualar) vestida por metro quadrado. Você pode até achar gatinho um cara usando uma camisa justinha ½ de lycra (nunca vi nada igual no Brasil), com uma calca de veludo (ou da Diesel mesmo), com um sapato que deve ter custado uns 2 meses de salário do cidadão e uma quantidade de gel no cabelo que a fábrica da Bozzano seria incapaz de produzir em um ano. Eu não acho. Alias, não sei por que, acho que nem eles mesmos se acham bonitos, porque estão SEMPRE de óculos escuros Ray Ban para escurecer o tamanho do ridículo. Sim, aqueles que foram moda no Brasil uns 2 anos atrás, mas que costumam ser genéricos vendidos na H&M (a boa e barata “Cê-iá” ldo hemisfério norte) por 15 euros.


Primashhh queridashhh; Carlinha


Celinha (e as calcinhas atrás)

Mas valeu pelo aprendizado, pelas conversas com as primas, pelas aulas praticas de italiano com Matteo, pelas voltas ao redor do Duomo, pela bela loja da Ferrari, pelo belo parque e o piquenique atrás do castelo, pelas baladinhas e novos drinks, pela caipirinha do Zé, no Rio’s, pela canjinha de Paralamas e Djavan no show do Raul, pelo bom humor das meninas, pelos risottos prontos, pelo omelete que eu acertei, pelos bilhetinhos malas da Dai pela casa, pela Cris pedindo minha opinião pra TUDO, como se eu fosse o Roberto Shinyashiki, pelo jogo da Juve na casa do Donato, pelas argumentos de como o Norte é melhor que o sul da Itália.

Valeu.
E tomara que o texto não esteja grande, para o título fazer sentido.

Acima: uma enxurrada de posts

Bom, o blog tem sido alimentado de vez em quando, mas ele está bem fora de sintonia. Para vocês terem uma idéia, estou na Sicília há uns 10 dias e faz um mês que estive na Toscana. De lá pra cá já passei por 5 cidades. Nos últimos dias tive tempo de escrever posts sobre esses lugares e resolvi que vou colocar tudo de uma vez aqui, mesmo que à princípio fique um pouco sobre carregado de informação.

O objetivo é deixar a experiência mais real, mais fresca. Assim, eu ganho na precisão dos detalhes (porque não preciso escrever sobre coisas que rolaram há um mês ou mais) e vocês ganham na qualidade dos textos, que devem abordar menos os lugares e mais as situações e as pessoas, coisas fundamentais da viagem.

E a viagem continua! E eu to morrendo de sono, porque saí de Stromboli às 10 da manhã e cheguei em Catânia às 21hs. E são só 200km de distância... o transporte público siciliano compete pau a pau com o paulistano.

Ciao!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Divagações sobre o sol da Toscana



Lugar igual não há, parecido talvez. Definitivamente imortalizada pelo livro e filme Sob o Sol da Toscana (que eu não li e nem vi), a região parece ser um imã de turistas, principalmente os próprios italianos e suíços. Primeira coisa que chamou a atenção foi a quantidade de gente, demasiada para a compacta área das cidadelas entre muros. A coisa é toda é muito estreita e cinematográfica demais para uma montanha de gente junta subindo e descendo ladeiras. Em alguns momentos, simplesmente trava tudo.

Mas se a muvuca de boné e protetor solar quebra o clima, o sol (ele mesmo!) dá um tom de alegria e energia inigualáveis. Realmente sob o sol da Toscana se pode ter iluminação e inspiração. Dá vontade de ficar sentado sob uma oliveira por horas, com o caderninho borbulhando no pulsar da caneta. O sol deixa a terra mais charmosa, realça o tom amarelado e seco, que contrasta com o verde estalante dos bosques e dos pinheiros solitários. O verde toscano é personagem essencial para que o sol se faça charmoso e inspirador. A mistura parece conter algo da bandeira do Brasil, mas também qualquer cosia que não temos aí.





No entanto, contudo, todavia, a parte mais fantástica da Toscana são mais as estradas, as paisagens, do que propriamente as cidades. A cada curva se vê um vilarejo minúsculo no topo de uma colina, uma fazenda dos sonhos com uma vinícola. Muitas papoulas na beira da estrada, tingindo de vermelho os canteiros. Muito trigo e mostarda, tonalizando os pastos.

San Gimigniano é mágica com suas torres que ostentavam o poder dos burgueses locais e vista incrível. Dizem que o melhor sorvete é de lá, assim como dizem em todo lugar aqui na Itália. O artesanato de balaustro é encantador. A pedra é completamente transparente e serve de matéria-prima para lustres, caixinhas e ouros objetos decorativos. Deu vontade de comprar uma, mas mochileiro não compra, fotografa.


Foram incontáveis pique-niques nas beiras das estradinhas, sob a sombra de alguma oliveira e na companhia de formigas civilizadas. Nenhum furto ou invasão registrado. A nossa sacola de comida era recarregada a cada 3 ou 4 dias, sempre com algum queijinho ou presunto cru para substituir os devorados ou derretidos pelo sol dentro da sauna/carro. E tome queijo bom, e desce vinho bom e barato. Uma coisa de louco. O investimento compensa sempre. Os queijos são de cair o queixo (perdoem o trocadalho) e os vinhos quase sempre se superam, honrando os 4 ou 5 euros da etiqueta. Ah, não sei porque demorei 24 anos pra perceber que um tacinha de tinto antes de deitar é o passaporte ao sono dos deuses.


O som do carro foi meio traíra na Toscana. Não tem outra definição. As rádios que pegavam não agradavam minha mãe e as de música clássica que agradavam não duravam muito tempo na sintonia. Nenhum CD a bordo e iTrip a milhas de distância, em casa, Brasil. Silêncios quilométricos e papos idem.


O povo é manso, meio caipira, pacífico. Todos dançam com completa desenvoltura no ritmo do turismo e arranham um inglês macarrônico à putanesca. Um nórdico ou tupiniquim não fica no perrengue na maior parte das vezes, a menos que seja um surdo-mudo. É acolhedor, um lugar que piacce.

Não é raro ver casamentos nas prefeituras das cidadelas locais e a maioria não era de italianos. Não sei como, mas pelo jeito vem gente do mundo todo casar aqui. Vi uns nórdicos, ingleses e até japoneses trocando algemas, digo, alianças. Numa dessas cenas, na belíssima Volterra, um professor italiano brincalhão, que liderava um grupo de alunos da quarta série, levou toda a turma para tirar foto com os noivos no meio da praça central. O lugar tem um astral, um bom humor mais constante, diferente do norte, mais carrancudo.


No fim, o que ficou para mim foi uma região de mistério, que abriga aquela sonhada aposentadoria perfeita. Uma vila, um belo jardim, uma rede, uma horta, um bom vinho. E claro, a família sempre perto, com um monte de filhos e netos. Tudo embalado sob um sol cinematográfico e especialmente vívido. Quantas almas inquietas, assim como a minha ainda não pousarão por lá à procura de uma resposta, de um caminho, de tranqüilidade?
Ou simplesmente à procura do sol da Toscana.