quinta-feira, 12 de junho de 2008

Muitos Vaticanos

Eu tinha vontade de ir ao Vaticano e ver o Papa, mas quando eu estava por lá ele estava em Genova. Pra ser sincero, eu não gosto desse papa, acho que ele tem uma vibe ruim, não me traz uma energia boa. A gente era feliz com Voitila e (eu, pelo menos) não sabia. Mas acho que é legal o ditadinho sobre ir a Roma e não o ver.Tentei me agilizar para ir ao Vaticano e de uma vez só (numa quarta-feira, quando o Papa faz a benção na praça) e ver tudo. Não deu.


Na primeira vez, com o religioso Stallone, visitei a Basílica de São Pedro e os túmulos dos papas antigos, que ficam no sotteraneo do prédio. Logo na entrada a Pietà, de Miguel, já te deixa meio abalado, tamanha a realidade da coisa. Depois você vai no ritmo da manada de turista até o túmulo de Pedro. Belas estátuas dele e de Santo André. A cúpula, projetada por Miguel (e só concluída depois de sua morte), é altíssima, mas toma um pau da Catedral de Firenze em termos de beleza e afrescos. Tudo tem uma dimensão estratosférica, acho que da porta até o ultimo altar no fundo tem uns 350m, as laterais devem ter uns 200 de ponta a ponta da cruz.


Os túmulos são interessantes, mas as pessoas param pouco. Descobri ali que João Paulo I ficou alguns meses só no poder e morreu subitamente (envenenado, dizem) e daí assumiu o Segundo. Por sinal, eu me arrepiei quando cheguei na tumba dele. Não foi só porque havia um monte de flores e bilhetes, mas porque uma freirinha velhinha estava ajoelhada ali rezando e parecia que só sairia quando o homem ressuscitasse. Deixei meu bilhete, fiz minha prece e senti uma energia boa.

Depois, passamos no tradicional correio do vaticano e escrevemos postais para mamães e vovó, a minha.

Meu segundo dia no Vaticano foi uns 3 dias depois, com Kesh e Jen, da companhia de teatro. Mas o bacana é que antes de irmos, fomos super aconselhados e tivemos um mini-tour particular em casa, com o Denis. Ele explicou muita coisa sobre as salas, os artistas e seus trabalhos. Deu uma aula particular sobre Miguel e chegamos na Capela Sistina completamente a par das coisas. Claro, que eu senti falta de ter lido a bíblia, e creio que o farei ainda esse ano.

O museu é uma coisa colossal, o segundo mais visitado do mundo (só perde pro Louvre) e você se sente como um elefante numa manada. Ficar mais de um minuto parado ou voltar pra trás, nem pensar. Se viu, viu, se num viu, perdeu, preibói. “Veja, fotografe e vaze”, esse é o lema.




A Capela Sistina é indicada em todas as placas, a cada 20 metros. Parece que na próxima curva ela estará diante dos seus olhos, mas demora, demora, demora. Você fica meio impaciente, parece que não chega nunca. Passa a Sala dos Mapas, a Sala dos Gregos, a sala do Rafael, a Sala Moderna (com Dalí, Van Gogh e Bacon)...


Jesus, by Vincent


Tapetes de mais de 400 anos

E quando você já esta de saco cheio, chablém! Você adentra uma espaço de uns 40 metros por 20 e olha pra cima. E vê todo mundo olhando pra cima. E ouve uns brutamontes gritando “no picture” e “no photo” e mandando a boiada para o lado menos vazio no momento. Acho que na meia hora em que eu estive la passaram umas 500 pessoas. E isso é muito, porque as portas de entrada e saída são super estreitas.

O teto encanta, você não consegue tirar os olhos do Dedo de Deus, muitos binóculos apontam para lá. Parece um céu, se reconhece passagens bíblicas aos montes. Denis explicou que como nenhum artista era autorizado a assinar suas obras, eles inventavam jeitos de deixar sua marca. Rafael pintou a si mesmo num dos afrescos, já Miguel (ou Michelangelo), achou um modo mais original de autenticar seu lavoro. Nos olhos da Virgem M deixou sua impressão digital. Há 400 anos, ele teve esse input, que só veio a ser usado no século XX. Gênio é gênio, sempre.
E a Igreja tem que cuidar de seus tesouros.

PS: eu podia ter dado uma migué e tirado foto na Sisitina, mas achei que por uma vez valia a pena tentar eternizar na cachola, já que ignorei os gritos de "no photo" e cliquei o David, em Firenze.

Um comentário:

_linha disse...

Feeeee, eu também deixei de clicar o teto da Sistina por puro respeito (não a Miguel, mas ao meu registro mental). Todo mundo que conheço fotografou e eu ficava pensando se estava mucho loca de não arriscar ouvir as broncas "no photo, no picture" pra levar comigo "a prova". Hoje sei que valeu. Beijos! Paulinha Gabriel.