quarta-feira, 18 de junho de 2008

Catânia coquinho


Essa é a varanda do quarto, aquele é o Etna, será que achei o local perfeito? Será? Será?

Como eu queria escrever que está tudo na maior calma aqui. Mas pelos 6 dias desde o último post dá pra ver que a correria tá grande, né?
E isso é bom.
Vamo lá, o trampo parece que tá engatinhando. Explicando melhor, é um pub/pizzaria/trattoria171 (chamado Taarna Irish Pub e o dono se chama Rosário, só pra você sentir como é Irish) e hoje vai ser meu sexto dia lá. É impressionante como roda gente, então eu me sinto sempre na corda bamba. Tem gente que tá lá há um ano, mas a maioria há não mais de um mês. 30 euros por noite é super pouco, por mais incrível que pareça, pois o trabalho é super desgastante fisicamente e você “perde” a manhã seguinte, pois está sempre moído.

O custo das coisas aqui é super alto e os 30 euros não dão pra muita coisa. Hoje, por exemplo, eu já gastei 15, e são apenas duas da tarde. Comprei duas camisetas pólo pretas e cinco bilhetes de ônibus. E só, nada de comer ainda. Lógico, as camisetas são investimento, para não precisar comprar mais pra frente e ficar tranqüilo para ter roupa de trabalho sempre.


Ali no fundo é a entrada, esse é só o começo do dia de trampo...

Estou garantido na escala do pub até domingo, quando tem jogo da Itália, pelas quartas-de-final da Eurocopa (espécie de Copa do Mundo, sem Dunga&Cia e Los Hermanos) e agora me caiu a ficha que eu tô ficando por lá muito por causa da competição. Isso porque o pub funciona na rua, que a gente fecha depois das 20hs, coloca umas 50 mesas e um projetor transmitindo partidas das seleções das vizinhanças. Ontem o jogo foi contra a França e valia vaga nas quartas, e para completar, “salão” lotado, todas as mesas cheias, 2 bandejas por minuto, nenhuma luz na rua (não dava pra ler o numero das mesas) e um medo enorme da chefia (que se confirmou no final) de clientes fugindo sem pagar ao apito do juiz.


Bar, e eu não tomei nenhuma Guiness na faixa ainda

Bom, a conclusão é que eu preciso torcer demais para a Itália ganhar da Espanha no domingo e seguir em frente, posso torcer até para ser vice-campeã, contanto que chegue na final, que é dia 29/06. Assim, quem sabe meu trampo vai ficando garantido.
Hoje estou só eu e mais um garçom meio moça para tirar todas as mesas e cadeiras, tomara que transcorra na paz.

(Recebi meus primeiros 90 euros no sábado e a sensação de ser pago em cash é beeeeeem ruim, sabia? Tem um quê de puta... Para quem sempre recebeu no banco... Mas pelo menos o dimdim tá na mão.)

Bom, agora assunto casa. Achei um buraco pra ficar, por pelo menos 15 dias. É um quarto no 4o andar de um prédio vizinho à linha de trem e ao mercado de peixe. É bem central, isso é ótimo, pois dá uns 7 minutos a pé pro pub. Mas é do lado de uma rua com vários barzinhos e minha chegada lá anteontem às 02h30 foi horrível, pois o calor era intenso e não rolava dormir de porta aberta. A farra rolou até as 4 e às 6 começou o movimento da turma do peixe...
Eu tava lendo um livro intitulado Blink, de Malcom Gladwell e nele tinha uma pesquisa que mostrava que as pessoas conseguiam conhecer melhor uma pessoa olhando o seu quarto por alguns minutos do que conversando com ela por 15 minutos. E onde eu quero chegar com isso?


A primeira impressão é a que fica?

Simples, o apê é de uma mina beeeeeeeeem estranha que deve estar com a cabeça bem complicada e isso eu pude notar em cada detalhe. Chão de azulejo “branco” LOTADO de pó e daqueles montes de pêlos que se enrolam, sabe? Não vou nem falar que meu quarto tinha uma coleção desses montinhos e mais uma porção de outras sujeiras pelo chão. Na cozinha, tudo largado sobre a mesa, mas a janela aberta fez tudo se esparramar pelo chão: caixa de cereal, saquinho de chá usado, folhetos anunciando dentista... Montanha de pratos e panelas na pia, nenhuma garrafa de água. Na geladeira, dois pimentões, um queijo duro, duas caixas de leite. E só.


Leito, mesa, armário: tudo em um...


Prova do crime

Tem outros pontos positivos para equilibrar, tem uma vista bonita para o Etna e para a catedral. Mas o que pegou foi o banheiro. Bicho, pagar 200euros por mês para dar descarga de baldinho não rola, certo? E lavar roupa no braço só se eu tivesse ficando de graça, não? Na Europa do século xisxisí não ter lava-roupa em casa não existe. Essa é a cereja no bolo, é o que coroa esse apê definitivamente como provisório.


A cada 40 minutos um terremoto de 5 graus na escala Richter; barraquinhas do mercado de peixe, a Pescheria (fora o futum que sobe...)

Visitei um outro beeeeeeeem mais bacana, um pouco mais longe, mas ainda assim dá pra ir a pé, numa buena. É um lugar mais calmo, custa 160/mês, tem internet, lava-roupa, um quarto amplo, silencioso e uma galera (4 caras que me pareceram bem normais) com uma vibe boa. Só que só vaga no começo de julho, quando a austríaca que mora la desocupar o quarto. Disse que eu tava super interessado e tô esperando uma resposta deles. Tomara que eles não estejam procurando uma outra loira gostosa, pois eu já fui loiro, mas o segundo item tá difícil com a quantidade de pizza que tenho comido aqui.

Bom, a situação é essa. Período meio turbulento, mas que deve se acalmar. Mesmo assim dá sempre pra rir e ver o lado Coca-Cola das coisas (muito ruim essa, pior que o trocadalho do título, desculpa).

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