sexta-feira, 20 de junho de 2008

Mão na massa

Pizzaiolo tunisiano avisa que o chefe siciliano está de olho no brasileiro aqui. Olhando cada passo que dou, que está mais divertido me caçar com os olhos do que assistir Alemanha e Portugal. (Eu tava empolgado torcendo pra Portugal até quando eu vi o Felipão cantando o hino deles, que traíra!) Gol da Alemanha, o bonitão vem do meu lado pra comemorar.

Estou de pé já faz três horas. Chega uma mesa com três milicos velhos e suas digníssimas. Dois de branco, marinheiros, e um outro com três estrelas em cada ombro, na cabeceira. Deve mandar em muita gente, mas não gosta muito de champignon. Esvaziei metade da pizza dele no lixo. Ele nem imagina que o pizzaiolo é tunisiano, muçulmano e cometeu haram para colocar aquele presunto cru no prato dele.

Marcação cerrada do cidadão de camisa verde eterna, até a hora em que ele sai para comprar carne de cavalo. Respiro. Respiro de novo. Acabou o respiro, o açougue é na esquina. De repente, o dedão do pé esquerdo começa a apitar e parece unha encravada. Mas eu nunca tive unha encravada. Será que é?

Fim de expediente, mas agora tem que carregar tudo de volta pra dentro. Luca, meu colega que vive com um amigo, tá com uma hérnia braba e foi parar no hospital para tomar uma infiltração ontem às 5 da matina. Conclusão, trabalho quase dobrado, já que lá no pub menina não pega no pesado. E a unha grita.
Tranco a última porta, suor deslizando pelo nariz. Pego a gorjeta, a melhor desses 6 dias: 4,20 euros. Fiquei feliz. Quase pagou meu kebab com cerveja: 4,50. A unha já nem dói mais tanto.

Carona da colega que cola, que estava indo colar na casa da sua colante. Britney Spears no som do carro. (Eu sei, mas carona não reclama). Vira aqui, sobe um pouco ali, chegou. Quatro lances. De escada. Porta com chave medieval de 10cm abriu suave. A segunda porta, com chave “tamanho pipi de japonês”, encalacra. Na quarta tentativa abre. Tudo escuro, silêncio. 2h23.

Resto de kebab na mão. Ainda resta meia cerveja Beck’s. Pena que não tem (o/a) Original. Cortador de unha em punho, rumo ao banheiro, com mais luz. Pé na borda da privada, caça pelo foco da dor, mas não dá pra ver nada. Puxa, cutuca e pof, aparece uma ponta de unha no lugar errado. E depois mais. Pena que meu trim não é um alicate de pedicure. Amanhã peço ajuda feminina. Tô lapidando a unha e pof. Trim cai na privada. Ah, mas que nojo! A privada de baldinho! Nãããããããããããão! Nem pensei, meu trim é mais importante, é querido, tenho há mais de 10 anos.
Tava fedendo. E eu também.

Considerações sobre as privadas italianas:
Querido tio, Roberto Mortara, que trabalha desenvolvendo produtos na Deca há muitos anos, tem muita coisa que tenho observado nos meus momentos mais íntimos nesses meses por aqui. A primeira dela é que a cerâmica italiana é vagabunda. Lasca todinha e não vi nenhuma privada branca e bonita como as que você faz, então, meus parabéns. Segundamente queria frisar que não entendo por que os vasos italianos tem uma espécie de prateleira no fundo. O texto não vai direto ao ponto, se é que você me entende. Pô, parece que eles gostam de usar aquela escovinha nojenta que é mais presente nos banheiros do que imagem de santo nas igrejas. A terceira consideração é a mais nojenta, então se você teve um desprazer de ler até aqui, não leia as duas próximas linhas.
O fundo de TODAS as privadas da Itália é lascado e manchado de marrom. Inclusive (e principalmente) a da que eu acabei de meter a mão.

3 comentários:

Unknown disse...

Que nojo!Espero que isso não volte a acontecer e que seu trabalho fique melhor conforme a Eurocopa caminhe para as finais.

Paulo Levi disse...

É, Felipe...o episódio do shitdiving do seu trim é a prova irrefutável da sabedoria das mulheres, que sempre falam que é pra fechar a tampa da privada!!!

Carlos Palmeira disse...

Filipão...eu aqui em Sampa, acordo às 4:30 da manhã e resolvo me atualizar com seus posts.

Grande experiência de vida esta sua...aproveite tudo o que puder, com certeza tudo o que você está vivenciando fará parte da sua história de vida.

Cerque-se de pessoas boas e tenha sempre pensamentos bons mesmo que a situação seja adversa.

Fica aí com Deus, caro amigo. Grande abraço.